O ano de 2014 já está terminando e, como de costume nessa época, listas dos melhores e piores começam a aparecer. Decidi fazer a minha para inaugurar esse novo espaço e, assim, relembrar os filmes que pude ver neste ano que está acabando. É óbvio que não consegui ver todos os longas que estrearam, mas vale o registro e a lembrança.
- Guardiões da Galáxia
"Guardiões da Galáxia" pode ser considerado a obra-prima da Marvel Studios no cinema até aqui. Já há algum tempo, parece que os produtores do estúdio buscam um nível de excelência na transposição de suas história para as telonas. Nesse longa, isso foi alcançado com extremo êxito. História bem amarrada, personagens bens construídos, distantes do tradicional maniqueísmo das tramas de heróis, e uma produção bem feita e cuidadosa são algumas das características que podem explicar o sucesso do filme de James Gunn. Além, é claro, de uma trilha sonora marcante, usada de forma inteligente pelo diretor para ajudar a contar a história ao espectador. Imperdível.
- Ela
Assim que terminei de assistir "Ela", tive a certeza de que tinha acabado de ver um dos filmes mais bonitos da última década. Em um cenário futurista, o diretor Spike Jonze desenvolve a história de um homem que se apaixona pela voz do sistema operacional que comanda seus aparelhos eletrônicos. A fascinação do protagonista pela voz sensual que acompanha sua vida faz o espectador refletir sobre a relação homem/máquina que a sociedade pode construir e sobre a solidão humana, mesmo que estejamos cercados do mundo virtual. Além de um roteiro excepcional, o diretor conseguiu imprimir uma bonita estética com as cores e a ambientação de uma cidade no futuro. Tudo isso, é claro, só é possível a partir das ótimas atuações de Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson, responsável pela voz sedutora do sistema operacional.
- O Lobo de Wall Street
A parceria entre Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese já rende bons frutos há algum tempo. Mas, em "O Lobo de Wall Street", o ator teve o melhor papel nas mãos do diretor. Na pele de Jordan Belfort, DiCaprio vive um tipo malandro e amoral, que não conhece limites para suas ambições e que está sempre cercado de drogas, dinheiro e belas mulheres. Só mesmo um diretor experiente como Scorsese para mostrar quão sedutora pode ser a influência do dinheiro e de outras facilidades para a vida desse homem, sem emitir nenhum julgamento ou querendo moralizar a trama e o personagem. Para coroar esse êxito do diretor, DiCaprio provou ser a escolha certa e, se não tivesse encontrado Matthew McConaughey pela frente, já teria levado um Oscar para casa.
- Clube de Compras Dallas
Além de ter uma ótima trama, "Clube de Compras Dallas" permitiu que Matthew McConaughey abandonasse a imagem de galã de comédias românticas para encarar trabalhos realmente desafiadores. Para viver o homem que descobre ter aids na década de 80, o ator emagreceu muito e mostrou na tela que fez um trabalho de imersão na história do personagem. O resultado é ótimo e emociona o público. Como se não bastasse, o filme conta, ainda, com o bom desempenho do coadjuvante Jared Leto, que vive um homossexual que se envolve com o contrabando de remédios. O sucesso do trabalho dos dois foi recompensado e ambos foram premiados em praticamente todos os eventos da indústria nesse ano.
- Garota Exemplar
"Garota Exemplar" não é só um dos melhores filmes de 2014, mas é, também, um dos melhores thrillers dos últimos anos. Pelas mãos de David Fincher, somos apresentados a uma narrativa que insinua a ocorrência de um crime. Levado a acreditar que a esposa foi sequestrada, o personagem de Ben Affleck passa a ser suspeito do assassinato da mulher. No meio do filme, a narrativa muda e descobrimos novos contornos dessa trama, que deixa o espectador de boca aberta. Todos os detalhes, como roteiro, fotografia e produção, funcionam bem nesse longa. Até mesmo a presença de Ben Affleck, que é péssimo ator, não compromete "Garota Exemplar", já que claramente o diretor precisava de um homem pouco expressivo e indiferente para o papel.
- Nebraska
Road movie de Alexander Payne, "Nebraska" também entra na lista dos melhores do ano. A história do idoso que viaja com o filho por acreditar ter ganho US$ 1 milhão através de uma propaganda que chegou pelo correio. A viagem se transforma em uma volta ao passado do patriarca e também gera uma mudança na relação pai/filho. "Nebraska" tem um fotografia belíssima em preto e branco, além de um roteiro sustentado por diálogos fortes. A presença do ótimo Bruce Dern e de June Squibb, que vive a esposa do protagonista, só faz o filme ainda melhor.
- Grande Hotel Budapeste
Uma história absurda e divertida, um elenco de primeira e uma estética lúdica e colorida. Foi assim que o diretor Wes Anderson conseguiu marcar seu nome na história da indústria cinematográfica em 2014. A aventura do gerente de um luxuoso hotel e de seu concierge, que fogem de vilões e da polícia por conta de uma valiosa herança, divertiu e lembrou as comédias de antigamente. O roteiro, com um humor muito particular e sutil, é um dos grandes destaques desse filme que merece ser visto.
- Capitão América 2: O Soldado Invernal
Olha aí a Marvel mais uma vez na lista. Mas, "Capitão América 2: O Soldado Invernal" merece ser lembrado como um dos bons filmes do ano. Muito melhor que o primeiro, a volta do herói patriota é marcada por uma trama bem amarrada, formada por boas reviravoltas. A qualidade desse roteiro, mais uma vez, mostra o cuidado do estúdio com suas histórias, preocupação essa que faz diferença na indústria. As ótimas sequências de ação e os efeitos especiais também se destacam e só deixam o filme mais interessante.
- O Lobo Atrás da Porta
O cinema brasileiro é cíclico e vive de tendências e momentos. Atualmente, estamos no período das comédias, que estreiam aos montes nos cinemas, a maioria de má qualidade, diga-se de passagem. Por isso, é importante que surjam longas que "remem contra a maré" e apostem em gêneros pouco explorados. Esse é o caso do primeiro filme de Fernando Coimbra, "O Lobo Atrás da Porta", que surpreende com um bom thriller, que se desenrola fora de um ordem cronológica e instiga o espectador a descobrir o que aconteceu com a filha desaparecida de um casal de classe média e qual a relação da amante do homem com o sumiço. O suspense só é possível por conta do bom trabalho do elenco, em especial de Leandra Leal, que mostra frieza e crueldade sem cair na caricatura.
- A Grande Escolha
Não se deixe enganar por esse título digno de Sessão da Tarde. "A Grande Escolha" mostra os bastidores do Draft Day (título original do filme), dia em que os times de futebol americano negociam a transferência e contratação de jogadores para a temporada. Inteligente, rápido e com bons diálogos, o roteiro é o que mais impressiona no filme, que passou despercebido aqui no Brasil. Além da história contagiante, que prende a atenção do início ao fim, o longa também conta com um elenco interessante, encabeçado por Kevin Costner e Frank Langella. Excelente pedida, também para os fãs de esporte como para aqueles que não entendem nada do assunto.
- Álbum de Família
Filmes como "Álbum de Família" podem ser comparados a panelas de pressão. Assim como o utensílio doméstico, o longa vai ganhando força e pegando pressão durante o decorrer da história, até que, no ápice, aquilo tudo explode. No longa, uma família se reúne para enterrar o patriarca e, ao mesmo tempo, reviver traumas e feridas que nunca cicatrizaram. A mais amarga do grupo é a mãe, vivida de forma genial por Meryl Streep, que não poupa ninguém de seu temperamento verborrágico e agressivo. Além de tudo, o filme ainda traz o melhor trabalho de Julia Roberts dos últimos tempos e, talvez, de toda a carreira da atriz.
- Boyhood
Dirigido por Richard Linklater, "Boyhood" acompanha o crescimento de um garoto e de seus familiares. Para isso, o diretor ousou ao escolher acompanhar os efeitos do tempo em um garoto durante 12 anos. Assim, o que vemos na tela é um menino crescendo diante dos nossos olhos e enfrentando a vida. Sem tramas surpreendentes e grandes acontecimentos, o filme mostrou-se uma grata surpresa por proporcionar uma experiência rara: convida o público a contemplar a beleza do cotidiano, do ordinário e real dia a dia. O resultado final é belíssimo e um convite à admiração da vida, pura e simples.
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