Além de bons filmes, 2014 não escapou de algumas derrapadas da indústria cinematográfica. Selecionei oito longas que dão vontade de esquecer o ano que passou e desejar dias melhores para o cinema em 2015:
Depois de um fiasco chamado "O Lado Bom da Vida", David O. Russell apostou em uma história de época sobre golpistas norte-americanos. Apesar de supervalorizado em algumas premiações, "Trapaça" tinha argumento e roteiro pouco interessantes, composta por diálogos arrastados e confusos. O maior erro do longa, no entanto, são os personagens, mal aproveitados e exagerados na história. Nem mesmo o bom trabalho de Amy Adams e Christian Bale salva o filme, que também marca outras péssimas atuações de Jennifer Lawrence e Bradley Cooper.
- Malévola
Antes de tudo, é importante que eu comece dizendo que sou totalmente a favor da adaptação de história clássicas, desde que elas não fiquem descaracterizadas e percam a essência. Foi isso que aconteceu com "Malévola", filme da Disney que buscou contar a origem da vilã de "A Bela Adormecida". O longa trouxe a bruxa como sendo, na verdade, uma fada que teve as asas arrancadas pelo rei, que era seu antigo amor na infância. Isso provoca a maldição do sono dada à princesa Aurora no começo da clássica animação. Mas, descaracterizando os traços marcantes da vilã, o filme ressalta Malévola como protetora da princesa e defensora de criaturas que vivem escondidas no reino. Tentando humanizar a vilã, a Disney acabou destruindo a personagem, que era mais interessante quando considerada uma importante bruxa das histórias infantis.
- Caçadores de Obras-Primas
Esse é um daqueles filmes que tinha tudo para dar certo, mas que acabou encontrando o diretor errado no caminho. "Caçadores de Obras-Primas" tinha uma história muito interessante, nunca antes explorada sobre a Segunda Guerra Mundial. Tinha um elenco excelente, com nomes como Cate Blanchett, John Goodman, Hugh Bonneville e Bill Murray. E tinha, também, uma produção de época caprichada. O longa, no entanto, não teve bons roteiristas e uma boa direção, estando George Clooney envolvido nos dois processos. O resultado é um desastre, um filme que tenha fazer comédia, através de piadas bobas e fora de hora, e não assume o lado sério da trama quando precisa. Totalmente sem personalidade. Uma pena.
- A Culpa é das Estrelas
Baseado no best seller de John Green, "A Culpa é das Estrelas" é um desfile meloso de clichês, daqueles que tornam o final do filme completamente previsível e pouco interessante. A trama da adolescente diagnosticada com câncer que conhece um jovem afetado por experiências parecidas mostra-se superficial, com diálogos e recursos dramatúrgicos pobres. Uma das poucas qualidades do longa é que a trama consegue imprimir um tom leve na abordagem da doença e da morte. A direção, muito tradicional também é responsável pelo resultado final, já que não traz nenhum frescor à história. Uma boa oportunidade perdida para apresentar ao público uma história infanto-juvenil que saísse do óbvio.
- Muita Calma Nessa Hora 2
Este foi o ano das comédias no cinema brasileiro, mas, infelizmente, isso não é algo a ser comemorado. Vimos, no mercado nacional, longas mal escritos e elaborados, com piadas sem graça e muito baseadas na realidade das comédias de Hollywood, que em nada tem a ver com a cultura brasileira. Depois de acertar no primeiro filme, "Muita Calma Nessa Hora 2" resgata os personagens que fizeram sucesso, mas é prejudicado pela falta de uma história sólida para contar. Isso resultou em um longa fraco e repetitivo que, ao invés de rir, faz o espetador chorar de desgosto.
- Ajuste de Contas
O que esperar de uma luta histórica entre Rocky Balboa e Jake LaMotta? Bom, não espere nada, pois a empreitada é um desastre. Explorando a marca de Sylvester Stallone e Robert De Niro nos clássicos "Rocky" e "Touro Indomável", "Ajuste de Contas" brinca com essa ideia e faz os atores interpretarem dois lutadores aposentados que decidem fazer uma revanche para decidir qual deles é o melhor. Nessa, quem sai perdendo é o público, que fica entediado com o roteiro fraco, apesar de acertar no tom cômico da trama. O fato de não explorar melhor os dramas particulares dos personagens só torna o filme mais raso e previsível. De Niro e Stallone estão no piloto automático e também não se esforçam para que o filme dê certo.
- As Tartarugas Ninja
Adaptação de desenhos e filmes famosos na década de 80, a nova versão de "As Tartarugas Ninja" é um filme de ação, mas que, curiosamente, não empolga. Também é um longa de atuações ruins e caricatas. E tem, ainda, uma história muito fraca, que deixa os heróis em segundo plano, para valorizar o desempenho medíocre de Megan Fox, e não dá espaço para o Destruidor, principal antagonista da clássica história. A soma de tudo isso, é claro, dá errado e faz o filme ser pior do que os antigos, que tinham menos recursos e pretensão.
- Ninfomaníaca
O filme de Lars Von Trier causou polêmica quando foi lançado por conta das cenas de sexo explícito e da abordagem dada à história da mulher que vive buscando o prazer. Parece ter faltado, no entanto, uma preocupação maior com o conteúdo do filme, que é arrastado e pouco interessante. Ao invés de construir uma história firme e instigante, que justifique as cenas mais fortes, Von Trier parece querer chocar e incomodar pelo simples fato de fazê-lo, sem estar amparado por uma trama que realmente faça diferente. Conhecido por seu trabalho autoral e, muitas vezes, instigante, Lars Von Trier não escapou, aqui, da superficialidade.
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