Julianne Moore brilha e comove em "Para Sempre Alice"

Considerado uma prévia do Oscar, o Globo de Ouro do último domingo (11) consagrou Julianne Moore como a melhor atriz de drama, o que a deixa alguns passos à frente para levantar a estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em fevereiro. Assistindo "Para Sempre Alice", é fácil entender os motivos para a imprensa estrangeira de Hollywood ter escolhido a atriz.
A trama começa apresentando Alice (Julianne Moore), um doutora em Comunicação e Linguística, que percorreu o mundo com seu trabalho e, nos dias atuais, ministra aulas na Universidade de Columbia. A carreira não é o único aspecto bem-sucedido da vida da personagem, que também leva um casamento feliz com o marido (Alec Baldwin). Orgulhosa dos filhos, especialmente de Anna (Kate Bosworth) e Tom (Hunter Parrish), Alice tem prazer em tentar reunir a família, mesmo com a distância de Lydia (Kristen Stewart), a filha mais velha e mais rebelde de todos, que provoca alguns atritos com a mãe por ter escolhido a carreira instável de atriz em Los Angeles.
O drama da protagonista começa aos poucos, com pequenos esquecimentos de palavras, compromissos e eventos que, a princípio, seriam originados pela idade. Alarmada, Alice procura um médico e descobre ter um tipo precoce e raro de Alzheimer. Mais do que lidar com a notícia, ela precisa preparar a família, já que a doença é genética e poderia ter sido transmitida aos filhos.
Com o passar dos dias, vemos a doença avançando e Alice tornando-se cada vez mais dependente de ajuda. Ela é obrigada a interromper as aulas para ficar em casa, convivendo com dificuldades básicas do dia a dia, como não se lembrar o nome dos familiares ou das receitas dos pratos que devem ser preparados. Inconformada, nos momentos de lucidez, ela até tenta criar métodos que a façam lembrar do que é necessário, mas todos os esforços mostram-se ineficientes com o avançar da doença.
A grande força de "Para Sempre Alice" é Julianne Moore, que carrega o filme nas costas e não faz feio. A atriz consegue transmitir toda angústia da personagem apenas com o olhar. Mais do que isso, Julianne foge dos exageros e consegue criar um tipo humano e real, que é pego de surpresa por uma doença e luta para não deixar que o Alzheimer a domine. Infelizmente, os atores que contracenam com ela não correspondem à qualidade do trabalho da protagonista. Alec Baldwin está artificial, como sempre, e não consegue desenvolver e convencer o espectador do dilema de seu personagem, que precisa conviver com a decisão de cuidar da mulher ou privilegiar a carreira. Kristen Stewart, limitada, também não consegue explorar as nuances de sua personagem, que poderiam fazer bem ao filme.
Dirigido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, "Para Sempre Alice" vale ser visto pelo trabalho comovente de Julianna Moore, que consegue transmitir angústia e esperança através de uma personagem difícil. A vitória no Globo de Ouro talvez sinalize o Oscar para a atriz, mas, ainda é cedo para dizer isso. Se o prêmio vier, no entanto, será injusto dizer que ela não merecia. "Para Sempre Alice" tem estreia programada para 26 de fevereiro, no Brasil.


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