Trama de "Caminhos da Floresta" é repetitiva e demora para engrenar

As releituras de histórias infantis estão cada vez mais na moda e, nos últimos anos, aparecem com mais frequência nos cinemas. "Alice no País das Maravilhas", "Branca de Neve e o Caçador", "Espelho, Espelho Meu" e "Malévola", para citar alguns, dividiram opiniões e colecionam admiradores e críticos ferrenhos. Na esteira do modismo, a Disney decidiu apostar em um musical da Broadway que mistura vários contos de fadas. O escolhido para dirigir o longa foi Rob Marshall, responsável por outros filmes do gênero, como "Chicago" e "Nine". A tentativa de musicar essas fábulas, no entanto, não deu certo e pode conquistar mais críticos do que fãs.
Em "Caminhos da Floresta", um padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt) vivem em um pacato vilarejo e sonham em ter um filho, após várias tentativas mal sucedidas. Eles recebem a visita de uma bruxa (Meryl Streep), que revela ter amaldiçoado a família muitos anos antes, quando o pai do padeiro roubou vegetais de sua horta. Ela, então, propõe um acordo com o casal e promete quebrar a maldição se eles pegarem quatro itens para um encanto: uma capa vermelha como sangue; um cabelo amarelo como o milho; um sapato dourado como o ouro; e uma vaca branca como o leite.
Para conseguir os objetos, o casal entra na floresta e, aos poucos, envolvem-se com personagens como Chapeuzinho Vermelho (Lilia Crawford), João (Daniel Huttlestone), Cinderela (Anna Kendrick) e Rapunzel (MacKenzie Mauzy). Quando conseguem reunir os itens, a bruxa desfaz a maldição e, como nas histórias infantis, todos vão viver felizes para sempre. Só que, ao invés de parar por aí, o filme ainda coloca os personagens sob a ameaça de uma gigante furiosa com a morte de outro de sua espécie, que caiu de um pé de feijão cortado por João. Em meio a isso, alguns deles têm seus destinos alterados ou descobrem que o final feliz previsto não era o ideal.
Por ser um musical, "Caminhos da Floresta" enfrenta, logo de cara, resistência de parte do público que não é fã de filmes do gênero. Mas, aqui, o musical em si não é um problema, já que as músicas são boas e harmônicas na história. O principal defeito é a trama, muito frágil e formada por situações repetitivas, que cansam o espectador e que, talvez, funcionassem melhor no teatro. Com a reviravolta no meio do filme, o enredo ganha força e engrena com a desconstrução dos contos de fada e do ideal "felizes para sempre". No balanço final, porém, a boa mudança da história não consegue salvar o filme.
Entre os nomes do elenco, quem brilha mais é Meryl Streep, impecável e divertida como a bruxa que propõe um acordo ao casal protagonista para recuperar sua juventude. Os demais atores são, apenas, regulares. Nem mesmo Johnny Depp consegue impressionar em uma pequena participação como o Lobo Mau.
Em cartaz nos cinemas e indicado a três estatuetas no Oscar, "Caminhos da Floresta" até tentar na onda das releituras dos clássicos infantis, com uma nova roupagem musical, mas derrapa no enredo e nas situações repetitivas dos personagens, que prejudicam, inclusive, o desfecho interessante. No fim, só vale mesmo a experiência de ver Meryl Streep, mais uma vez, ser a grande atriz que é. 


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