Definitivamente, 2015 foi um ano de grandes sucessos de bilheteria. Mais do que isso: foi um período em que franquias consagradas foram retomadas e, em sua maioria, conduzidas com inteligência. Isso mostrou que o cinema, além de arte, também pode ser feito de bom entretenimento. Foi um ano, ainda, em que as mudanças nos modos de fazer e ver cinema se consolidaram mais, com a participação mais efetiva dos serviços de streaming na produção de conteúdo. Isso fica refletido, inclusive, na lista abaixo, que contém dois filmes produzidos exclusivamente para a Netflix e que não foram lançados em salas de cinema de circuito comercial. Dito isso, esses são os principais filmes que marcaram 2015, pelo menos, para mim:
"Mad Max: Estrada da Fúria"
Sem sombra de dúvidas, o quarto filme da saga "Mad Max" é o filme número um do ano. Depois de 30 anos do lançamento de "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão", o mais fraco da trilogia original, o diretor George Miller mostrou ao público que vale a pena esperar tanto tempo para retomar uma franquia se o projeto tem uma proposta interessante e uma qualidade absurda. "Mad Max: Estrada da Fúria" tem uma estética extremamente apurada, com cenário, efeitos e direção de arte impecáveis, além de uma fotografia belíssima. Junte tudo isso a um roteiro sólido, que tem o que dizer ao público, mesmo sendo pontuado, muitas vezes, por silêncios, interrompidos apenas pelas perseguições dos carros. Miller ainda deu uma aula de cinema, optando por não exagerar na computação gráfica e fazer um filme, na medida do possível, artesanal, com corridas, manobras e explosões acontecendo de verdade no set. Impecável e icônico.
"Star Wars - O Despertar da Força"
Como continuar uma das franquias mais marcantes da história do cinema para conversar com um novo público e, ao mesmo tempo, resgatar o interesse dos fãs ardorosos dos longas originais? O diretor J.J. Abrams mostrou que era a pessoa certa para responder a essa pergunta e fez de "Star Wars - O Despertar da Força", sétimo filme da saga iniciada por George Lucas, um dos grandes acertos da indústria no ano. Respeitando os filmes passados, mas construindo um universo novo, com personalidade própria, que promete ser explorado nos episódios VIII e IX. Roteiro bom, amparado por uma estrutura tradicional presente na primeira trilogia, personagens mais complexos, com transformações e conflitos bem evidentes, e sequências de ação muito bem executadas são as grandes qualidades desse sucesso, que arrepia os fãs logo de cara com a tradicional trilha sonora que marcou os filmes da franquia.
De todos os filmes do Oscar desse ano, com certeza, "Whiplash" era o melhor. Por ser uma produção menor, no entanto, era improvável que levasse a estatueta de melhor filme. Mesmo assim, o longa saiu da cerimônia com três prêmios, entre eles, o de melhor ator coadjuvante para J.K. Simmons, que vive o maestro "nazista" que inferniza a vida do jovem baterista vivido por Miles Teller. O roteiro, extremamente envolvente, provoca uma tensão psicológica muito grande no espectador, que sente a dor do processo sacrificante daquele músico, influenciado por um mestre linha dura. A trilha sonora e as cenas, feitas, muitas vezes, em enquadramentos fechados para focalizar detalhes, são diferenciais do longa, que merecia todos os prêmios para os quais foi indicado.
"Selma"
Um dos episódios mais marcantes na história da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos rendeu um dos filmes mais marcantes do ano. "Selma", da diretora Ava DuVernay, retrata a marcha contra a segregação racial que saiu da cidade que dá nome ao longa e seguiu em direção a Montgomery, a capital do estado norte-americano do Alabama. A marcha é encabeçada por Martin Luther King (David Oyelowo, ótimo), nessa altura, já uma figura conhecida pela luta dos direitos iguais. O roteiro forte, com boas sequências de tensão e emoção, infelizmente, não foi reconhecido pelo grande público, tanto no Brasil quanto fora, que praticamente ignorou a existência do filme. Até no Oscar, "Selma" foi esquecido na maioria das categorias e saiu da premiação apenas com o título de melhor canção original para a igualmente marcante "Glory", de John Legend e Common. É um filme que merece ser visto.
"Missão: Impossível - Nação Secreta"
A quinta parte da franquia "Missão: Impossível" chegou aos cinemas, em 2015, e ajudou a reforçar que as continuações, se bem pensadas, podem ser uma boa equação entre diversão e qualidade. Depois de tantos filmes, "Missão: Impossível - Nação Secreta" mostrou-se surpreendentemente bom, com uma história bem amarrada sobre a existência de uma organização secreta criada para destruir Ethan Hunt (Tom Cruise) e o serviço secreto norte-americano. O bom equilíbrio entre as cenas de ação e o humor "temperam" bem a história, que, sem vergonha nenhuma, tem a proposta de divertir a plateia. "Missão: Impossível - Nação Secreta" até tem alguns momentos óbvios, mas a tarefa de entreter o público é tão bem cumprida que isso passa despercebido.
"007 contra Spectre"
Ainda na linha espionagem, 2015 também foi o ano do retorno de James Bond aos cinemas. Em "007 contra Spectre", o diretor Sam Mendes consagrou de vez sua trajetória na franquia do espião com licença para matar. O cineasta imprimiu um tom soturno à trama, dando mais profundidade aos traumas e questionamentos de Bond. O filme se concentra em mostrar a origem da Spectre, organização presente desde os primeiros longas da franquia. Bem amarrada e contemporânea, sem deixar de se conectar com o passado do personagem, a trama tem bons e grandiosos momentos de ação, marca registrada da saga do espião. No resultado final, "Spectre" não conseguiu superar "Skyfall", o melhor filme da história da franquia, mas, também não está nem perto de fazer feio. Se esse tiver sido mesmo o último filme de Mendes e de Daniel Craig, os dois podem se orgulhar em sair por cima.
"Kingsman"
Se "007" e "Missão: Impossível", filmes "sérios" sobre espionagem, já são bons divertimentos, imagine uma história que reúna os principais elementos do gênero e ainda consiga fazer humor com os clichês de espiões no cinema. O resultado disso não poderia ser melhor e "Kingsman" chamou atenção em 2015. A história de um jovem recrutado para o serviço secreto britânico traz carros luxuosos, ternos impecáveis, aparelhos mirabolantes e um vilão disposto a destruir a humanidade, tudo pontuado com diálogos rápidos e muito humor. Além disso, o elenco do filme é impecável, com ótimos trabalhos de Colin Firth, Samuel L. Jackson e Michael Caine; a trilha sonora é excelente; e as referências bem-humoradas a elementos da cultura pop são a "cereja do bolo". Um dos filmes mais divertidos dos últimos anos.
"Homem-Formiga"
A história do herói que consegue encolher até o tamanho de uma formiga e se comunicar com esses insetos, se mal conduzida, poderia soar boba. Mas, a Marvel não brinca em serviço e reafirma, em "Homem-Formiga", que sabe como conduzir a transposição de seus quadrinhos para o cinema. A habilidade e inteligência dos roteiristas resultou em uma boa história, mesclando ação e comédia ao melhor estilo Marvel de ser. O fato de ter fugido de didatismo e explicações sobre a origem do herói também merece elogios à produção, que representa mais uma parte interessante do universo da Marvel nos cinemas.
"What Happened, Miss Simone?"
A vida e a obra de uma das maiores cantoras do mundo ganhou às telas através da plataforma de streaming Netflix e resultou em um documentário poderoso. Em "What Happened, Miss Simone?", a diretora Liz Garbus revisitou as escolhas e polêmicas de Nina Simone, que conquistou plateias com sua voz inconfundível. Costurando depoimentos, informações e imagens raras da cantora, a diretora mostra como o show business influenciou negativamente a artista, que viveu frustrações e foi assombrada pelo mercado, o que foi tirando seu prazer em fazer música. Bem contado, o documentário emociona e é um importante registro sobre a vida de Nina Simone.
"Sniper Americano"
Lutar em uma zona de guerra, além de efeitos físicos, também pode trazer traumas psicológicos para o soldado. Focando nesse aspecto da vida do famoso atirador Chris Kyle, aqui interpretado por Bradley Cooper, o diretor Clint Eastwood fez de "Sniper Americano" um acerto do ano. O roteiro, denso e sem julgamentos, mostra ao público que tirar uma vida pode não ser tão simples até para o mais treinado dos soldados e que isso pode afetar profundamente o estado psicológico de uma pessoa. Sempre deixando a desejar, Cooper aqui consegue executar um bom trabalho e imprimir os dramas do personagem central e o efeitos do peso de um gatilho puxado. Um filme diferenciado sobre os conflitos armados da atualidade.
"Que Horas Ela Volta?"
Quanta verdade há quando uma patroa apresenta sua empregada doméstica e diz que ela é "como se fosse da família"? É claro que isso depende de pessoas e situações, mas esse relacionamento entre patrões e empregados é o ponto de partida do filme "Que Horas Ela Volta?", da diretora Anna Muylaert. O longa funciona como um "soco no estômago" do espectador, que vê, com uma lente de aumento, o tratamento dado a Val (Regina Casé, ótima), uma doméstica que é quase a segunda mãe de um adolescente, filho de sua patroa, mas que faz as refeições separada dos empregadores, não tem seus suprimentos misturados aos dos donos da casa e é vítima de outros limites, muitas vezes velados, impostos por esse relacionamento. Com uma sensibilidade ímpar, a diretora emociona e provoca reflexão com essa crônica social sobre uma parcela da sociedade brasileira.
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
O roteiro inteligente e a direção inspirada de Alejandro González Iñarritu consagraram "Birdman" em 2015, que venceu o Oscar de melhor filme. A trama foca na busca do ator Riggan Thomson (Michael Keaton) para voltar a ser o centro das atenções da indústria do entretenimento, depois de um período de ostracismo. Marcado apenas por um personagem, o super-herói Birdman, o ator decide investir todas as suas fichas em uma peça na Broadway, mas todo esse processo pode não ser tão fácil, já que ele vive assombrado por seus conflitos internos. O melhor de "Birdman" é a forma como a história é contada, com câmeras sempre em movimento, planos-sequência que dão a impressão de uma ação contínua e enquadramentos que colocam o espectador como um "voyeur" dos bastidores da peça. A crítica feita à indústria do entretenimento é outro ponto alto da história.
"Beasts of No Nation"
Primeiro filme de ficção produzido pela Netflix, "Beasts of No Nation" é outro daqueles "socos na boca do estômago do público" do ano. Com uma história forte sobre a perda da infância de uma criança recrutada por uma milícia em seu país, o longa emociona e choca ao colocar o espectador em contato com tamanha violência e crueldade humana. A reflexão sobre os efeitos psicológicos da guerra no menino Agu, obrigado a pegar em armas e eliminar vidas, é perturbadora. As atuações fortes do garoto Abraham Attah e de Idris Elba, indicado ao Globo de Ouro por viver o comandante que rouba a infância de crianças, são pontos altos desse filme impressionante.
"Divertida Mente"
O que se passa na sua cabeça? Qual é a emoção que te move? São perguntas que geram reflexões complexas, mas que foram abordadas com maestria por "Divertida Mente", o mais recente sucesso de animação da Pixar. O filme se passa dentro da cabeça de uma menina e mostra a tentativa das emoções de conviverem harmoniosamente. Se você imagina que não há complexidade aqui, pelo fato de ser um desenho, devo dizer que se enganou completamente. A história, feita para agradar todos os públicos, fala com adultos de forma muito madura sobre a complexidade das emoções humanas e, ainda, se comunica perfeitamente com as crianças através de formas, cores, texturas e conceitos abstratos para definir o que se passa dentro da cabeça de uma pessoa. Imperdível.
"Sicario"
Dirigido por Denis Villeneuve, "Sicario" foi uma grande surpresa. É um filme muito elogiado pela crítica, mas que, por enquanto, fez pouco barulho junto ao grande público. Vale a pena dar uma chance para o longa, que deixa o espectador em estado de tensão do início ao fim. A história foca em uma operação policial contra um cartel mexicano, cuja atuação tem reflexos nos Estados Unidos. A perseguição leva a agente Kate Macy (Emily Blunt, no melhor papel de sua carreira), do FBI, ao centro do conflito. Além das cenas de ação, a tensão do filme fica por conta do envolvimento do agente Matt Graver (Josh Brolin) e do misterioso Alejandro (Benicio Del Toro) com o caso. Roteiro bem construído, direção grandiosa e elenco coeso são as principais qualidades que fizeram do filme um dos melhores do ano.
"Selma"
Um dos episódios mais marcantes na história da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos rendeu um dos filmes mais marcantes do ano. "Selma", da diretora Ava DuVernay, retrata a marcha contra a segregação racial que saiu da cidade que dá nome ao longa e seguiu em direção a Montgomery, a capital do estado norte-americano do Alabama. A marcha é encabeçada por Martin Luther King (David Oyelowo, ótimo), nessa altura, já uma figura conhecida pela luta dos direitos iguais. O roteiro forte, com boas sequências de tensão e emoção, infelizmente, não foi reconhecido pelo grande público, tanto no Brasil quanto fora, que praticamente ignorou a existência do filme. Até no Oscar, "Selma" foi esquecido na maioria das categorias e saiu da premiação apenas com o título de melhor canção original para a igualmente marcante "Glory", de John Legend e Common. É um filme que merece ser visto.
"Missão: Impossível - Nação Secreta"
A quinta parte da franquia "Missão: Impossível" chegou aos cinemas, em 2015, e ajudou a reforçar que as continuações, se bem pensadas, podem ser uma boa equação entre diversão e qualidade. Depois de tantos filmes, "Missão: Impossível - Nação Secreta" mostrou-se surpreendentemente bom, com uma história bem amarrada sobre a existência de uma organização secreta criada para destruir Ethan Hunt (Tom Cruise) e o serviço secreto norte-americano. O bom equilíbrio entre as cenas de ação e o humor "temperam" bem a história, que, sem vergonha nenhuma, tem a proposta de divertir a plateia. "Missão: Impossível - Nação Secreta" até tem alguns momentos óbvios, mas a tarefa de entreter o público é tão bem cumprida que isso passa despercebido.
"007 contra Spectre"
Ainda na linha espionagem, 2015 também foi o ano do retorno de James Bond aos cinemas. Em "007 contra Spectre", o diretor Sam Mendes consagrou de vez sua trajetória na franquia do espião com licença para matar. O cineasta imprimiu um tom soturno à trama, dando mais profundidade aos traumas e questionamentos de Bond. O filme se concentra em mostrar a origem da Spectre, organização presente desde os primeiros longas da franquia. Bem amarrada e contemporânea, sem deixar de se conectar com o passado do personagem, a trama tem bons e grandiosos momentos de ação, marca registrada da saga do espião. No resultado final, "Spectre" não conseguiu superar "Skyfall", o melhor filme da história da franquia, mas, também não está nem perto de fazer feio. Se esse tiver sido mesmo o último filme de Mendes e de Daniel Craig, os dois podem se orgulhar em sair por cima.
"Kingsman"
Se "007" e "Missão: Impossível", filmes "sérios" sobre espionagem, já são bons divertimentos, imagine uma história que reúna os principais elementos do gênero e ainda consiga fazer humor com os clichês de espiões no cinema. O resultado disso não poderia ser melhor e "Kingsman" chamou atenção em 2015. A história de um jovem recrutado para o serviço secreto britânico traz carros luxuosos, ternos impecáveis, aparelhos mirabolantes e um vilão disposto a destruir a humanidade, tudo pontuado com diálogos rápidos e muito humor. Além disso, o elenco do filme é impecável, com ótimos trabalhos de Colin Firth, Samuel L. Jackson e Michael Caine; a trilha sonora é excelente; e as referências bem-humoradas a elementos da cultura pop são a "cereja do bolo". Um dos filmes mais divertidos dos últimos anos.
"Homem-Formiga"
A história do herói que consegue encolher até o tamanho de uma formiga e se comunicar com esses insetos, se mal conduzida, poderia soar boba. Mas, a Marvel não brinca em serviço e reafirma, em "Homem-Formiga", que sabe como conduzir a transposição de seus quadrinhos para o cinema. A habilidade e inteligência dos roteiristas resultou em uma boa história, mesclando ação e comédia ao melhor estilo Marvel de ser. O fato de ter fugido de didatismo e explicações sobre a origem do herói também merece elogios à produção, que representa mais uma parte interessante do universo da Marvel nos cinemas.
"What Happened, Miss Simone?"
A vida e a obra de uma das maiores cantoras do mundo ganhou às telas através da plataforma de streaming Netflix e resultou em um documentário poderoso. Em "What Happened, Miss Simone?", a diretora Liz Garbus revisitou as escolhas e polêmicas de Nina Simone, que conquistou plateias com sua voz inconfundível. Costurando depoimentos, informações e imagens raras da cantora, a diretora mostra como o show business influenciou negativamente a artista, que viveu frustrações e foi assombrada pelo mercado, o que foi tirando seu prazer em fazer música. Bem contado, o documentário emociona e é um importante registro sobre a vida de Nina Simone.
"Sniper Americano"
Lutar em uma zona de guerra, além de efeitos físicos, também pode trazer traumas psicológicos para o soldado. Focando nesse aspecto da vida do famoso atirador Chris Kyle, aqui interpretado por Bradley Cooper, o diretor Clint Eastwood fez de "Sniper Americano" um acerto do ano. O roteiro, denso e sem julgamentos, mostra ao público que tirar uma vida pode não ser tão simples até para o mais treinado dos soldados e que isso pode afetar profundamente o estado psicológico de uma pessoa. Sempre deixando a desejar, Cooper aqui consegue executar um bom trabalho e imprimir os dramas do personagem central e o efeitos do peso de um gatilho puxado. Um filme diferenciado sobre os conflitos armados da atualidade.
"Que Horas Ela Volta?"
Quanta verdade há quando uma patroa apresenta sua empregada doméstica e diz que ela é "como se fosse da família"? É claro que isso depende de pessoas e situações, mas esse relacionamento entre patrões e empregados é o ponto de partida do filme "Que Horas Ela Volta?", da diretora Anna Muylaert. O longa funciona como um "soco no estômago" do espectador, que vê, com uma lente de aumento, o tratamento dado a Val (Regina Casé, ótima), uma doméstica que é quase a segunda mãe de um adolescente, filho de sua patroa, mas que faz as refeições separada dos empregadores, não tem seus suprimentos misturados aos dos donos da casa e é vítima de outros limites, muitas vezes velados, impostos por esse relacionamento. Com uma sensibilidade ímpar, a diretora emociona e provoca reflexão com essa crônica social sobre uma parcela da sociedade brasileira.
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
O roteiro inteligente e a direção inspirada de Alejandro González Iñarritu consagraram "Birdman" em 2015, que venceu o Oscar de melhor filme. A trama foca na busca do ator Riggan Thomson (Michael Keaton) para voltar a ser o centro das atenções da indústria do entretenimento, depois de um período de ostracismo. Marcado apenas por um personagem, o super-herói Birdman, o ator decide investir todas as suas fichas em uma peça na Broadway, mas todo esse processo pode não ser tão fácil, já que ele vive assombrado por seus conflitos internos. O melhor de "Birdman" é a forma como a história é contada, com câmeras sempre em movimento, planos-sequência que dão a impressão de uma ação contínua e enquadramentos que colocam o espectador como um "voyeur" dos bastidores da peça. A crítica feita à indústria do entretenimento é outro ponto alto da história.
"Beasts of No Nation"
Primeiro filme de ficção produzido pela Netflix, "Beasts of No Nation" é outro daqueles "socos na boca do estômago do público" do ano. Com uma história forte sobre a perda da infância de uma criança recrutada por uma milícia em seu país, o longa emociona e choca ao colocar o espectador em contato com tamanha violência e crueldade humana. A reflexão sobre os efeitos psicológicos da guerra no menino Agu, obrigado a pegar em armas e eliminar vidas, é perturbadora. As atuações fortes do garoto Abraham Attah e de Idris Elba, indicado ao Globo de Ouro por viver o comandante que rouba a infância de crianças, são pontos altos desse filme impressionante.
"Divertida Mente"
O que se passa na sua cabeça? Qual é a emoção que te move? São perguntas que geram reflexões complexas, mas que foram abordadas com maestria por "Divertida Mente", o mais recente sucesso de animação da Pixar. O filme se passa dentro da cabeça de uma menina e mostra a tentativa das emoções de conviverem harmoniosamente. Se você imagina que não há complexidade aqui, pelo fato de ser um desenho, devo dizer que se enganou completamente. A história, feita para agradar todos os públicos, fala com adultos de forma muito madura sobre a complexidade das emoções humanas e, ainda, se comunica perfeitamente com as crianças através de formas, cores, texturas e conceitos abstratos para definir o que se passa dentro da cabeça de uma pessoa. Imperdível.
"Sicario"
Dirigido por Denis Villeneuve, "Sicario" foi uma grande surpresa. É um filme muito elogiado pela crítica, mas que, por enquanto, fez pouco barulho junto ao grande público. Vale a pena dar uma chance para o longa, que deixa o espectador em estado de tensão do início ao fim. A história foca em uma operação policial contra um cartel mexicano, cuja atuação tem reflexos nos Estados Unidos. A perseguição leva a agente Kate Macy (Emily Blunt, no melhor papel de sua carreira), do FBI, ao centro do conflito. Além das cenas de ação, a tensão do filme fica por conta do envolvimento do agente Matt Graver (Josh Brolin) e do misterioso Alejandro (Benicio Del Toro) com o caso. Roteiro bem construído, direção grandiosa e elenco coeso são as principais qualidades que fizeram do filme um dos melhores do ano.
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