Listas são irresistíveis nessa época do ano, quando muita gente resolve fazer uma retrospectiva do que está ficando para trás e esperando o que vem pela frente. Por completa falta de tempo, este meu espaço destinado ao cinema ficou de lado em 2015 e, com a esperança de retomá-lo no próximo ano, nada melhor do que aproveitar a súbita vontade de lembrar os filmes do ano que termina para recomeçar este blog. E, nesta retomada, nada melhor do que, de cara, começar elencando os filmes que deram errado em 2015. Como, mesmo gostando, sempre tive dificuldade em fazer rankings, escolhi não ficar preso e me obrigar a listar 5,10 ou qualquer outro número que seja. Portanto, seguem os filmes que merecem ser esquecidos no ano que chega ao fim.
"Quarteto Fantástico"
A Fox, definitivamente, não sabe o que fazer com a franquia "Quarteto Fantástico". Depois de dois péssimos filmes, feitos em 2005 e 2007, o estúdio resolveu retomar a saga dos heróis e fazer um reboot. Ideias conflitantes entre o diretor Josh Trank e a Fox resultaram em um filme sem personalidade nenhuma. A história começa quase que como uma ficção científica (na medida do possível, a melhor parte do longa) e, depois, se transforma em um filme de super-herói. Roteiro desinteressante, elenco pouco entrosado e efeitos especiais pífios deram o tom dessa retomada da franquia, que, ao que parece, esfriou de vez dentro da Fox. Seria melhor que o estúdio devolvesse, pelo menos, o controle criativo para a Marvel, que, a julgar pelos bons serviços prestados, daria conta do recado.
"Cinquenta Tons de Cinza"
Cercado de expectativa, especialmente vinda das leitoras excitadas com o pornô "soft" da autora E. L. James, "Cinquenta Tons de Cinza" pode figurar, facilmente, entre os filmes mais cretinos de todos os tempos. O roteiro é extremamente entediante, amparado por diálogos mal escritos e óbvios. "Eu não faço amor, eu fodo" é apenas uma das "pérolas" que saíram da boca do protagonista Christian Grey (o nada convincente Jamie Dornan), um personagem muito mal construído e contraditório, que alega ser avesso a qualquer tipo de envolvimento amoroso, mas, na cena seguinte, dorme de "conchinha" com Anastasia (Dakota Johnson). O longa ainda soa machista e conservador, mesmo tentando passar a imagem de sexualmente transgressor. Uma pena que porcarias como essa resultem em bilheterias lucrativas, porque mais dois filmes vem aí.
"Foxcatcher"
Muito elogiado e bem lembrado no Oscar desse ano, "Foxcatcher" é um completo erro do início ao fim. O filme tenta imprimir um tom de suspense psicológico e explorar a personalidade de John DuPont (Steve Carell), um milionário narcisista e orgulhoso que passa a treinar Mark (Channing Tatum), um atleta de luta greco-romana que é seduzido pelo dinheiro e pela possibilidade de subir na carreira. A influência de DuPont sobre ele, no entanto, começa a se mostrar nociva, chamando a atenção de David (Mark Ruffalo), o irmão do atleta, e resulta em uma tragédia bastante conhecida nos Estados Unidos. O lado psicológico da história, o mais interessante nos personagens, no entanto, fica apenas na intenção, já que o filme apela para a superficialidade e acaba transformando tipos interessantes em personagens rasos. A densidade do relacionamento entre os protagonistas só chega nos 40 minutos finais, quando o filme já está insuportavelmente chato.
"A História Verdadeira"
Assim como em "Foxcatcher", "A História Verdadeira" é mais um exemplo de filme que constrói uma atmosfera para a história, mas, no resultado final, acaba entregando uma coisa completamente diferente. Aqui, James Franco vive Christian Longo, um dos criminosos mais procurados dos Estados Unidos que é preso utilizando o nome do jornalista Michael Finkel (Jonah Hill). O fato não era mera coincidência, já que Longo confessa admirar o trabalho do profissional e revela, ainda, ter uma proposta para Finkel. O criminoso oferece revelar toda a verdade por trás de sua prisão se, em troca, o jornalista se comprometer a escrever um artigo sobre ele. A relação entre os dois, no entanto, vai se revelando doentia, já que Longo parece exercer forte influência sobre o jornalista. Esta é mais uma tentativa de um filme que parece ter a pretensão de ser um drama psicológico, mas se arrasta em um roteiro sem ganchos, que anda em círculos, apresenta personagens rasos e não consegue sequer despertar a curiosidade do espectador.
"A História Verdadeira"
Assim como em "Foxcatcher", "A História Verdadeira" é mais um exemplo de filme que constrói uma atmosfera para a história, mas, no resultado final, acaba entregando uma coisa completamente diferente. Aqui, James Franco vive Christian Longo, um dos criminosos mais procurados dos Estados Unidos que é preso utilizando o nome do jornalista Michael Finkel (Jonah Hill). O fato não era mera coincidência, já que Longo confessa admirar o trabalho do profissional e revela, ainda, ter uma proposta para Finkel. O criminoso oferece revelar toda a verdade por trás de sua prisão se, em troca, o jornalista se comprometer a escrever um artigo sobre ele. A relação entre os dois, no entanto, vai se revelando doentia, já que Longo parece exercer forte influência sobre o jornalista. Esta é mais uma tentativa de um filme que parece ter a pretensão de ser um drama psicológico, mas se arrasta em um roteiro sem ganchos, que anda em círculos, apresenta personagens rasos e não consegue sequer despertar a curiosidade do espectador.
"Ted 2"
Algumas continuações nunca deveriam acontecer. Esse é o caso de "Ted 2", que tenta resgatar o sucesso do primeiro filme e, ainda, volta com a pretensão de querer debater um assunto sério, o respeito às diferenças. Para isso, Seth MacFarlane, diretor e dono da voz do urso beberrão e politicamente incorreto, deixou de lado o espírito anárquico da estreia de "Ted" e abusou das piadas e situações repetitivas. Alguns momentos até são tão absurdos que provocam risadas, mas isso não é suficiente para salvar o filme. A repetição e o fato de tentar ser uma "comédia com mensagem", deixando de lado o humor ácido e o besteirol, fizeram de "Ted 2" um dos fiascos do ano.
"Golpe Duplo"
Will Smith é um ator que não acerta muito ao escolher projetos para o cinema. Em 2015, ele continuou errando com "Golpe Duplo", longa em que interpreta Nikki, um golpista profissional. O personagem se deixa enganar por Jess (Margot Robbie), uma aprendiz de trapaceira que deseja aprender todos os truques da arte de enganar os outros. Depois de seguirem por caminhos separados, eles se encontram quando Nikki é contratado por Garríga (Rodrigo Santoro), o namorado de Jess, para aplicar um golpe. Sem nenhum atrativo, com cenas clichês e roteiro desinteressante, "Golpe Duplo" pode ser considerado uma grande perda de tempo. São quase duas horas vendo um imenso nada. Completamente dispensável.
"O Agente da U.N.C.L.E."
Depois de imprimir um ritmo acelerado, clipado e, até interessante nos dois filmes mais recentes de "Sherlock Holmes", o diretor Guy Ritchie, aparentemente, achou que pode repetir a mesma fórmula em qualquer história que for contar. "O Agente da U.N.C.L.E." é praticamente uma cópia dos filmes citados acima, pelo menos no formato. Apresentação dos personagens, edição, música, fotografia, quase tudo lembra "Sherlock Holmes". Esse fato, aliado a um roteiro de espionagem muito óbvio e personagens clichês, fizeram da nova empreitada do diretor um verdadeiro desastre. O que fica do filme é a trilha sonora, que é ótima. O resto parece uma colcha de retalhos de outros filmes já vistos por aí.
"Cinderela"
A Disney anda interessada em transformar seus desenhos em filmes com atores reais. O problema desses projetos é que ou se apresenta uma nova proposta, que subverte a história original, ou segue com o tradicional, o que, nesse caso, obriga a ter um roteiro sólido e de qualidade. A nova versão de Cinderela não é nem uma coisa e nem outra. A inovação aqui fica por conta da plástica do filme, com cores marcantes e efeitos bem realizados. A história, no entanto, não sabe para onde vai e mistura tentativas de inovação com o jeito tradicional dos contos de fadas. O resultado é uma embalagem muito bonita, mas que não traz nada dentro. Um minuto depois que acabou, o filme também já sumiu da cabeça do espectador. Uma das poucas coisas que ficam é a atuação de Cate Blanchett, excelente como sempre.
"Pixels"
Extraterrestres decidem atacar a Terra com personagens tirados de jogos de videogames antigos, cujos dados foram enviados para o espaço em uma cápsula do tempo e encarados como um aviso de guerra contra os alienígenas. Por que não me espanta que uma besteira tão grande como essa tenha Adam Sandler no elenco, um dos reis das porcarias produzidas por Hollywood? A comédia, que não faz rir, tem um argumento tão estapafúrdio que só seria convincente se fosse amparada por boas piadas. Nem preciso dizer que esse não é o caso. O longa ainda traz aquela mania insuportável de Hollywood de nivelar as comédias por baixo, subestimando o entendimento do espectador. Nem dá para dizer que "Pixels" é uma decepção, pois já não dava para esperar muito dele mesmo.
"Jurassic World"
A tentativa de retomar franquias de sucesso é válida, não só para faturar em bilheteria, mas, também, quando a história ainda tem algo a dizer. Sucesso de bilheteria em 2015, "Jurassic World" chegou aos cinemas querendo dizer exatamente a mesma coisa do original, dirigido por Steven Spielberg em 1993. A premissa é a mesma, assim como a história e a forma como os acontecimentos vão sendo desencadeados. Chamado de "homenagem ao original", o filme soa como cópia mesmo e se firma como uma tentativa nada inteligente de retomada de franquia. Além disso, os atores continuam ali para serem coadjuvantes dos dinossauros, agora modernizados pela qualidade tecnológica da produção. É, inegavelmente, um grande sucesso, mas, para mim, só parece mais do mesmo.
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