Clássico do início dos anos 90, "Thelma & Louise" entrou de vez para a história do cinema ao mostrar duas mulheres que "aceleraram" suas vidas e deram um "salto" rumo à liberdade. Dirigido por Ridley Scott, o longa está completando 25 anos de seu lançamento e, também, como um importante representante do gênero road movie, os filmes de estrada.
Na história, Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) são mulheres insatisfeitas com o rumo que a vida tomou. A dupla parte para uma viagem pelos Estados Unidos, mas os planos de diversão são alterados quando Louise mata um homem que tenta abusar sexualmente da amiga. Elas, então, passam a ser perseguidas pela polícia.
Com roteiro vencedor do Oscar, "Thelma & Louise" é considerado um clássico, dentre tantos motivos, por ter colocado a mulher na cena principal de um gênero, até então, majoritariamente masculino. A postura das personagens representou um marco, uma vez que elas partiam em direção às suas independências, buscando liberdade, respeito e o protagonismo que tanto mereciam.
Faz todo o sentido que a trajetória de "Thelma & Louise" fosse contada como um road movie, já que esses filmes costumam funcionar como metáforas para falar de buscas e transformações pessoais. O aniversário de lançamento do clássico filme me fez relembrar outros road movies que também merecem ser vistos.
OUTROS ROAD MOVIES IMPERDÍVEIS
- Nebraska: Dirigido por Alexander Payne, o filme se tornou um dos meus preferidos. Nele, Woody Grant (Bruce Dern) é um idoso que acredita ter sido premiado com US$ 1 milhão por uma propaganda que chegou pelo correio. Teimoso, ele insiste em viajar para receber o dinheiro. Percebendo a teimosia do pai, David (Will Forte) decide levá-lo de carro, o que resulta em uma viagem de descobertas, resoluções e fortalecimento da relação pai e filho entre os personagens. Além de direção e fotografia primorosas, o longa ainda traz atuações excelentes de Dern, Forte e June Squibb, que imprimem com maestria os tons cômicos e dramáticos do roteiro.
- Central do Brasil: Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, o longa de Walter Salles também é um marco do cinema brasileiro. A relação estabelecida entre Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius Oliveira) resultou em uma bela história sobre amizade, solidão e generosidade, além de um retrato sobre o interior do Brasil. A viagem da dupla até o nordeste serve para mostrar a busca do menino pela família e de Dora, que aprende o valor de uma vida menos amarga. Roteiro e direção excepcionais fizeram deste um filme inesquecível.
- Pequena Miss Sunshine: O sonho de uma menina em vencer um concurso e a convivência de uma família pouco tradicional, que a acompanha em uma viagem pelas estradas norte-americanas. Por conta do desejo da menina Olive (Abigail Breslin), um grupo familiar é obrigado a entrar em uma kombi amarela e conviver com as diferenças uns dos outros. Ali, também, eles aprendem a se reconectar e fortalecer os laços que os unem. Com um humor inteligente, o longa discute temas importantes com propriedade e humanidade. Além disso, o elenco coeso, com destaque para Abigail, Alan Arkin e Greg Kinnear, é responsável pelo sucesso da história.
- Família Rodante: Não é novidade que o cinema argentino realiza ótimos filmes e, por isso, não espanta que ele também seja capaz de fazer um bom road movie. No longa de Pablo Trapero, uma família está às voltas com o aniversário de 84 anos da matriarca Emilia (Graciana Chironi). A idosa recebe um convite para voltar a sua cidade-natal e participar do casamento de uma sobrinha que ela nem conhece. Emilia, então, obriga sua família a acompanhá-la e coloca todos à bordo de um trailer. A viagem, é claro, sempre para expor as diferenças, frustrações e desejos de todas as gerações dessa família.
- E Sua Mãe Também: Será que uma amizade da adolescência tem o mesmo espaço na vida adulta? O filme de Alfonso Cuarón mostrou que a resposta para essa pergunta nem sempre é positiva. Na história, Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal) são adolescentes que partem para uma viagem até a praia. Ansiosos para viver a fase adulta, os dois acabam se envolvendo com uma mulher 11 anos mais velha e acabam descobrindo que as mudanças que a vida proporciona nem sempre mantém a importância e as afinidades de uma amizade jovem. Filme mexicano da melhor qualidade, com ótimas atuações de Luna e Bernal, ambos em início de carreira.
- Sideways: Filme de Alexander Payne (ele de novo!) que mostrou que um casamento também é uma boa desculpa para uma viagem de carro. No longa, Miles (Paul Giamatti) decide dar um presente de despedida de solteiro para o amigo Jack (Thomas Haden Church) e levá-lo a uma viagem por uma região de vinícolas na Califórnia. No trajeto, eles acabam se envolvendo com duas mulheres, o que faz com que os planos matrimoniais fiquem abalados. Além de exaltar a paixão por vinhos, o longa também funciona como uma viagem de descobertas para os personagens.
- Transamérica: Bree Osbourne (Felicity Huffman) está prestes a passar por uma mudança drástica de vida. Transexual, ela economiza para fazer a operação que vai transformá-la, definitivamente, em uma mulher. Muito perto disso acontecer, ela recebe uma ligação de um jovem, que foi preso e está à procura do pai. Isso a faz perceber que o garoto pode ter sido fruto de um relacionamento antigo, quando ela ainda agia como homem. Sem revelar a ligação entre os dois, Bree tira o jovem da cadeia e o convence a acompanhá-la em sua viagem de volta. Tocante, o filme contou com o excelente desempenho de Felicity Huffman, que chegou a ser indicada ao Oscar, mas não levou.
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