"Power Rangers" faz parte da infância de muita gente, inclusive da minha, e, portanto, a notícia de que um reboot da história seria levado aos cinemas animou. Agora, mais empolgante do que isso é ver que o resultado final, apesar dos perceptíveis defeitos, é positivo e pode dar origem a uma divertida franquia.
Se olharmos para trás, conseguimos identificar que, apesar da ligação afetiva que podemos ter, e eu tenho, "Power Rangers" na TV era uma série de profundidade praticamente nula, que, inclusive, nem tinha essa pretensão. Na nova versão cinematográfica, os heróis dispostos a salvar o mundo das forças do mal surgem diferentes. Antes representantes da perfeição, os adolescentes escolhidos por Zordon são, agora, jovens problemáticos e mais reais, afetados pelos dramas e dúvidas comuns da idade.
Mesmo tendo que lidar com problemas diferentes, o grupo acaba se reunindo e encontrando as moedas do poder, enterradas milhões de anos antes. Eles também descobrem o caminho até Zordon (Bryan Cranston) e Alpha 5, que orientam os jovens sobre o mal que despertou e promete destruir Alameda dos Anjos.
Quem passa a aterrorizar a cidade é a vilã Rita Repulsa (Elizabeth Banks), que ressurge para encontrar o cristal Zeo, uma força fundamental para a vida na Terra. Para detê-la, Jason (Dacre Montgomery), Billy (R.J. Cyler), Zack (Ludi Lin), Kimberly (Naomi Scott) e Trini (Becky G.) precisam aprender a trabalhar juntos para merecerem os poderes de Power Rangers.
Para os fãs, o novo "Power Rangers" traz várias referências clássicas, como os bordões dos personagens e o inesquecível "Go Go Power Rangers", cantando durante a ação dos heróis contra o mal. Mas, os grandes acertos mesmo estão relacionados às novas propostas. A primeira delas é a abordagem mais profunda sobre a vida daqueles adolescentes, distante da rasa perfeição do original. Seguindo a linha "Clube dos Cinco", os jovens Rangers convivem com dilemas da idade, como cumprimento de expectativas e sexualidade, e encontram na união do grupo uma forma de encarar tudo isso.
Outra proposta interessante é a de aprofundar, também, as questões relacionadas a Zordon e Rita. Ao introduzir o passado dos personagens, a história ganha uma motivação e um conceito mais sólido, que ajudam, inclusive, a deixar caminhos abertos para futuros filmes.
Mas, assim como as qualidades, os defeitos também estão bem aparentes. O principal está no equilíbrio da construção do roteiro, que se "empolga" na nova construção dos personagens e acaba se esquecendo de características importantes da série. Apesar de interessante, a complexidade dos Rangers é explorada à exaustão e ocupa, desnecessariamente, boa parte do filme. Isso resulta em poucos momentos de ação, podendo frustrar quem vai ao cinema para ver os Power Rangers lutando contra as ameaças de Rita. A opção acaba causando, ainda, um desfecho um tanto quanto atropelado, que acaba desvalorizando o perigo que ameaça o planeta.
Vejo problemas, também, na concepção visual do uniforme dos Rangers e, especialmente, nos Megazords, que aparecem com um designe que não valoriza e, inclusive, torna difícil identificar os dinossauros que os inspiraram.
No fim das contas, "Power Rangers" aproveita bem a fase dos filmes de heróis e pode se tornar um bom representante do gênero. Existem qualidades para isso e, se identificados, os defeitos podem ser superados. Ao sair da sala de cinema, muitas questões surgem: o que vem agora? Lord Zedd? Ranger Verde? Novos Zords? Caminhos deixados pela série são muitos e a curiosidade que fica também é grande.
POWER RANGERS
COTAÇÃO: ★★★ (bom)
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