O diretor Matthew Vaughn volta ao comando da franquia e mantém o espírito debochado e absurdo da história. Essa característica, aliás, tem a ver com um dos principais erros que algumas críticas vem cometendo, ao dizerem que o segundo "Kingsman" se perdeu em sequências absurdas. Há, no entanto, que se levar em consideração de que a proposta dos filmes é justamente essa: ao criar sátiras de filmes de espionagem, os longas também abusam das cenas mirabolantes, recheadas de explosões, gadgets criativos e coreografias de lutas impressionantes. Portanto, "Kingsman" não é um filme para se levar a sério, do contrário a experiência não será agradável mesmo.
No segundo filme, a agência britânica Kingsman está ameaçada por conta dos planos de Poppy (Julianne Moore), a chefe de um dos maiores cartéis de drogas do mundo. Isolada da sociedade, ela planeja tornar o comércio de entorpecentes legalizado, como o do álcool, para que possa ser reconhecida como uma empresária de sucesso e possa circular livremente. Para conseguir isso, ela acaba com a estrutura da Kingsman e deixa Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) sem recursos para agir.
A dupla, então, segue um protocolo de segurança e vai para os Estados Unidos, encontrando auxílio na Statesman, a agência de espionagem dos norte-americanos. O grupo é comandado por Champ (Jeff Bridges), que oferece a ajuda dos agentes Tequila (Channing Tatum) e Whiskey (Pedro Pascal) no combate ao cartel de Poppy. Lá, eles descobrem que Galahad (Colin Firth), até então dado como morto, está vivo e sendo cuidado por Ginger (Halle Berry).
Trazendo a influência do primeiro filme, "Kingsman: O Círculo Dourado" mantém o humor e a inspiração para manter a sátira e as piadas com o gênero. O longa arranca boas risadas com diálogos debochados, tiradas de conotação sexual e politicamente incorretas, e uma fantástica participação do cantor Elton John, que se "atira" na proposta do longa e rende ótimos momentos.
A proposta estética de Vaughn continua importante para o desenvolvimento da narrativa, mas não causa grandes surpresas como no primeiro filme. Apesar disso, perseguições e lutas continuam sendo apresentadas em um ritmo frenético, embaladas por uma ótima trilha sonora, marca da franquia.
Como dito no início, mesmo com as qualidades, há ressalvas. O roteiro de "Kingsman - O Círculo Dourado" é muito disperso, querendo "abraçar" diversas tramas ao mesmo tempo. O resultado é uma história desfocada, que recupera o prumo apenas na parte final. Isso também faz com que algumas das propostas sejam mal desenvolvidas, como a apresentação da Statesman, que, apesar do contraste com a Kingsman, pouco acrescenta à trama. O momentos em que Eggsy se dedica ao relacionamento com a princesa Tilde (Hanna Alstrom), dispensáveis para o filme.
A tentativa de abordar muitas histórias também prejudica o desenvolvimento dos personagens. Jeff Bridges, Halle Berry e Channing Tatum fazem figuração de luxo e são mal aproveitados pelo roteiro. Há, no entanto, grandes acertos, como a participação já citada de Elton John e o desempenho de Julianne Moore, que ajuda a construir uma vilã sensacional.
Mais foco na história central não faria mal ao roteiro disperso de "Kingsman: O Círculo Dourado", mas é injusto dizer que a sequência não é um bom filme. A inspiração, o humor e a estética alucinada ainda estão lá e divertem, não como no primeiro longa, mas divertem. Apesar dos problemas, a saída do cinema é feliz.
KINGSMAN: O CÍRCULO DOURADO
COTAÇÃO: ★★★ (bom)
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