Do diretor Christopher Nolan, "Dunkirk" é o segundo filme mais indicado no Oscar 2018. É lembrado em oito categorias, só superado pelo favorito "A Forma da Água". O terror psicológico "Corra!" também fez com que os votantes da Academia "tomassem o remédio da memória" e foi indicado a quatro dos principais prêmio da cerimônia, como melhor filme, diretor, roteiro original e ator.
Apesar de indicado a cinco Oscars, "Blade Runner 2049" ficou restrito às categorias técnicas, merecidas, diga-se de passagem, mas deixou a sensação de que a memória dos membros da Academia ainda pode ser melhor, já que a obra foi esnobada nas principais categorias, onde caberia perfeitamente. Mas, esse ainda não é o texto sobre os rejeitados pela cerimônia, logo chegaremos nele. Por enquanto, vou falar um pouco sobre esses três filmes lançados no ano passado e que, mesmo com chances reduzidas, por conta do tempo de lançamento, estão na disputa.
Drama de guerra para alguns, filme de suspense para outros. A segunda opção, inclusive preferida pelo diretor Christopher Nolan, é realmente a mais ideal para caracterizar o longa que retrata a operação que salvou milhares de soldados britânicos da costa francesa, enquanto o exército de Hitler tentava encurralá-los. Ao contrário de "O Destino de uma Nação", que mostra o lado político do mesmo evento, "Dunkirk" é um filme que procura retratar o desespero dos soldados para fugir do local, ao contrários das habituais histórias de guerra, que mostram o heroísmo de um ou mais envolvidos na batalha. Nesse sentido, foi inteligente a decisão de apresentar os soldados alemães sempre como uma ameaça presente, mas nunca efetivamente em movimento ou combate.
É preciso dizer que "Dunkirk" é um filme de emoções "fabricadas". Todos os sentimentos gerados pela história são "construídos" na pós-produção, especialmente por edição e sonorização, que dão todo o clima de tensão da evacuação dos soldados. Não é, propriamente, um filme para atores brilharem, eles apenas são elementos que ajudam a direcionar o roteiro, mas não influenciam com grandes emoções. Cria-se pouca empatia com os personagens, em parte, por conta da proposta de Nolan de mostrar que, em guerras, o perigo não faz distinção e que o combate pode deixar qualquer um pelo caminho.
Nolan costuma dividir opiniões e isso não foi diferente com "Dunkirk", criticado por deixar o lado humano da história de lado e privilegiar aspectos técnicos. Eu já acho que as sequências grandiosas e a construção da tensão com outros elementos, como edição e som, criam uma experiência interessante e que cumpre bem com a proposta. Se era um suspense sobre fuga que o diretor queria, ele conseguiu.
DUNKIRK
COTAÇÃO: ★★★★ (ótimo)
- Corra!
É preciso dizer que "Dunkirk" é um filme de emoções "fabricadas". Todos os sentimentos gerados pela história são "construídos" na pós-produção, especialmente por edição e sonorização, que dão todo o clima de tensão da evacuação dos soldados. Não é, propriamente, um filme para atores brilharem, eles apenas são elementos que ajudam a direcionar o roteiro, mas não influenciam com grandes emoções. Cria-se pouca empatia com os personagens, em parte, por conta da proposta de Nolan de mostrar que, em guerras, o perigo não faz distinção e que o combate pode deixar qualquer um pelo caminho.
Nolan costuma dividir opiniões e isso não foi diferente com "Dunkirk", criticado por deixar o lado humano da história de lado e privilegiar aspectos técnicos. Eu já acho que as sequências grandiosas e a construção da tensão com outros elementos, como edição e som, criam uma experiência interessante e que cumpre bem com a proposta. Se era um suspense sobre fuga que o diretor queria, ele conseguiu.
DUNKIRK
COTAÇÃO: ★★★★ (ótimo)
- Corra!
Muito elogiado e presente em quase todas as listas de melhores do ano passado, o terror psicológico "Corra!" não passou despercebido pela Academia e emplacou quatro indicações, todas em categorias consideradas principais. O que parecia ser apenas uma visita aos pais da namorada se transforma em um perigo real para Chris (Daniel Kaluuya). O que, a princípio, era só um desconforto por conta da ida de um negro para um comunidade majoritariamente branca, se transforma em um mistério sobre acontecimentos estranhos envolvendo as pessoas aparentemente simpáticas daquela comunidade.
Com inteligência e certo humor, o filme de Jordan Peele constrói uma narrativa tensa que até flerta com discussões raciais importantes, como preconceito velado e a posição do negro na sociedade. Mas, é bom que se diga, a intenção maior do longa é privilegiar a tensão psicológica, que cresce conforme Chris descobre os segredos que construíram aquele "paraíso". Apesar da boa construção do roteiro, o final deixa muito a desejar e, por pouco, não compromete todo o filme.
"Corra!" é um filme que depende muito do suspense e da construção da tensão. Por conta disso, confesso que não tenho vontade de assistir de novo, justamente pelo fato de essas questões deixarem de ser novidade em uma segunda exibição. A ausência de outros elementos marcantes no longa, que poderia justificar o interesse para assistir outras vezes, também limita o poder da obra.
Mesmo assim, é importante que "Corra!" esteja entre os indicados para tornar o Oscar mais diverso e aberto a outros gêneros, que fujam do estilo "tradicional" das escolhas da Academia.
CORRA!
COTAÇÃO: ★★★ (bom)
- Blade Runner 2049
Com inteligência e certo humor, o filme de Jordan Peele constrói uma narrativa tensa que até flerta com discussões raciais importantes, como preconceito velado e a posição do negro na sociedade. Mas, é bom que se diga, a intenção maior do longa é privilegiar a tensão psicológica, que cresce conforme Chris descobre os segredos que construíram aquele "paraíso". Apesar da boa construção do roteiro, o final deixa muito a desejar e, por pouco, não compromete todo o filme.
"Corra!" é um filme que depende muito do suspense e da construção da tensão. Por conta disso, confesso que não tenho vontade de assistir de novo, justamente pelo fato de essas questões deixarem de ser novidade em uma segunda exibição. A ausência de outros elementos marcantes no longa, que poderia justificar o interesse para assistir outras vezes, também limita o poder da obra.
Mesmo assim, é importante que "Corra!" esteja entre os indicados para tornar o Oscar mais diverso e aberto a outros gêneros, que fujam do estilo "tradicional" das escolhas da Academia.
CORRA!
COTAÇÃO: ★★★ (bom)
- Blade Runner 2049
Desde o início, o diretor Dennis Villeneuve parecia a escolha certa para retomar a franquia "Blade Runner". Essa expectativa foi atingida com sucesso e o cineasta criou uma ficção científica que respeita o original, mas funciona perfeitamente como um longa independente e cheio de personalidade. Fotografia inspirada e cenas grandiosas, que, surpreendentemente, privilegiam os detalhes, sustentam a história do caçador de replicantes que se vê diante de um mistério que pode modificar os rumos daquela sociedade futurista.
O roteiro, que flerta o tempo todo com ilusões sobre realidade e artificialidade, até se deixa levar por caminhos um pouco óbvios. Mesmo assim, a narrativa consegue surpreender e provocar reflexões. O tom lento do filme é um desafio para espectadores de um mundo mais imediatista e clipado, mas a experiência recompensa aqueles que conseguem dar uma chance ao filme. A valorização da humanidade e do poder da vida, raros em um mundo tecnológico e artificial, também é uma discussão interessante do roteiro, que acerta, ainda, no tamanho da importância da história original e no espaço para a construção de algo original.
Confesso nunca ter sido muito fã do "Blade Runner" de Ridley Scott, que sabiamente entregou a direção da continuação a Villeneuve e se restringiu à produção executiva. "Blade Runner 2049", no entanto, me fez olhar para o original com outros olhos, ao mesmo tempo em que impôs como um filme relevante, de estética arrojada, roteiro inteligente e discussões importantes. É uma pena que tenha sido "esquecido" pela Academia para os prêmios principais.
BLADE RUNNER 2049
COTAÇÃO: ★★★★ (ótimo)
O roteiro, que flerta o tempo todo com ilusões sobre realidade e artificialidade, até se deixa levar por caminhos um pouco óbvios. Mesmo assim, a narrativa consegue surpreender e provocar reflexões. O tom lento do filme é um desafio para espectadores de um mundo mais imediatista e clipado, mas a experiência recompensa aqueles que conseguem dar uma chance ao filme. A valorização da humanidade e do poder da vida, raros em um mundo tecnológico e artificial, também é uma discussão interessante do roteiro, que acerta, ainda, no tamanho da importância da história original e no espaço para a construção de algo original.
Confesso nunca ter sido muito fã do "Blade Runner" de Ridley Scott, que sabiamente entregou a direção da continuação a Villeneuve e se restringiu à produção executiva. "Blade Runner 2049", no entanto, me fez olhar para o original com outros olhos, ao mesmo tempo em que impôs como um filme relevante, de estética arrojada, roteiro inteligente e discussões importantes. É uma pena que tenha sido "esquecido" pela Academia para os prêmios principais.
BLADE RUNNER 2049
COTAÇÃO: ★★★★ (ótimo)
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